O jogo
Latim “Ludus”, “Ludere” que designava os jogos infantis.
A origem da palavra jogo deriva do de um termo do latim, jocus, que significa brincadeira, divertimento, atualmente podemos explorar as principais características e definições que nos ajudam a entender a evolução dessa “brincadeira” que faz parte das nossas vidas, portanto, podemos definir um jogo através das suas principais características:
- Atividade recreativa;
- Regras que estabelecem quem vence e quem perde;
- Competição física ou mental;
- Conjunto de procedimentos e estratégias para atingir determinado fim;
- Atividade em que existe a figura do jogador (como indivíduo praticante).
Em época mais otimista que a atual, nossa espécie recebeu a designação de Homo sapiens. Com o passar do tempo, acabamos por compreender que afinal de contas não somos tão racionais quanto a ingenuidade e o culto da razão do século XVIII nos fizeram supor, e passou a ser de moda designar nossa espécie como Homo faber. Embora faber não seja uma definição do ser humano tão inadequada como sapiens, ela é, contudo, ainda menos apropriada do que esta, visto poder servir para designar grande número de animais. Mas existe uma terceira função, que se verifica tanto na vida humana como na animal, e é tão importante como o raciocínio e o fabrico de objetos: o jogo. Creio que, depois de Homo faber e talvez ao mesmo nível de Homo sapiens, a expressão Homo ludens merece um lugar em nossa nomenclatura.
1. Teria o jogo lugar no sistema de vida?
Há uma extraordinária divergência entre as numerosas tentativas de definição da função biológica do jogo. Umas definem as origens e fundamento do jogo em termos de descarga da energia vital superabundante, outras como satisfação de um certo “instinto de imitação”, ou ainda simplesmente como uma “necessidade” de distensão.
Quando pensamos no aspecto humano e evolutivo não podemos deixar de citar algumas teorias que buscam definir o jogo.
- O jogo constitui uma preparação do jovem para as tarefas sérias que mais tarde a vida dele exigirá;
- Trata-se de um exercício de autocontrole indispensável ao indivíduo;
- Um impulso inato para exercer uma certa faculdade, ou como desejo de dominar ou competir;
- Teorias há, ainda, que o consideram uma “ab-reação” (descarga emocional pela qual um indivíduo se liberta do afeto que acompanha a recordação de um acontecimento traumático), um escape para impulsos prejudiciais, um restaurador da energia dispendida por uma atividade unilateral, ou “realização do desejo”, ou uma ficção destinada a preservar o sentimento do valor pessoal.
2. Homo Ludens
Homo Ludens: o jogo como elemento da cultura (em holandês: Homo ludens. Proeve eener bepaling van het spel-element der cultuur) é um livro escrito pelo historiador holandês Johan Huizinga, publicado originalmente em 1938 Homo Ludens.
Tomando o jogo como um fenômeno cultural, o livro se estrutura sob uma extensa perspectiva histórica, recorrendo inclusive a estudos etimológico e etnográficos de sociedades distantes temporal e culturalmente.
Reconhece o jogo como algo inato ao homem e mesmo aos animais, considerando-o uma categoria absolutamente primária da vida, logo anterior a cultura, tendo esta evoluído no jogo.
A existência do jogo é inegável. É possível negar, se quiser, quase todas as abstrações: a justiça, a beleza, o bem, Deus. É possível negar-se a seriedade, mas não o jogo.
…Brincar, significa libertar-se dos horrores do mundo, por meio da reprodução miniaturizada..” Walter Benjamin (1984)
“…fenômeno cultural e repetível a qualquer momento, uma ação que introduz, na confusão da vida e na imperfeição do mundo, uma perfeição temporária e limitada.”
3. O riso e o jogo segundo Johan Huizinga
“…O riso, por exemplo, está de certo modo em oposição à seriedade, sem de maneira alguma estar diretamente ligado ao jogo. Os jogos infantis, o futebol e o xadrez são executados dentro da mais profunda seriedade, não se verificando nos jogadores a menor tendência para o riso. É curioso notar que o ato puramente fisiológico de rir é exclusivo dos homens, ao passo que a função significante do jogo é comum aos homens e aos animais. O animal ridens de Aristóteles caracteriza o homem, em oposição aos animais, de maneira quase tão absoluta quanto o homo sapiens”.
Em contrapartida devemos lembrar que o riso no filme O Nome da Rosa teve outra conotação, segue a abaixo um trecho da conversa do Willian com um monge.
“…O riso é um evento demoníaco que deforma as linhas do rosto e faz os homens parecerem macacos “O riso mata o temor e sem o temor não pode haver fé!”…”.
4. A Tensão como um elemento do jogo
Tensão significa incerteza, acaso. Há um esforço para levar o jogo até ao desenlace, o jogador quer que alguma coisa “vá” ou “saia”, pretende “ganhar” à custa de seu próprio esforço.
Uma criança estendendo a mão para um brinquedo, um gatinho brincando com um novelo, uma garotinha jogando bola, todos eles procuram conseguir alguma coisa difícil, ganhar, acabar com uma tensão. O jogo é “tenso”, como se costuma dizer.
5. Resumo
5.1. O que é um jogo?
- É uma Atividade recreativa com regras que estabelecem quem vence e quem perde;
- Competição física ou mental com conjunto de procedimentos e estratégias para atingir determinado fim;
- Atividade em que existe a figura do jogador (como indivíduo praticante).
5.2. O ser humano e o jogo
- O jogo constitui uma preparação do jovem para as tarefas sérias que mais tarde a vida dele exigirá;
- Trata-se de um exercício de autocontrole indispensável ao indivíduo;
- Um impulso inato para exercer uma certa faculdade, ou como desejo de dominar ou competir;
- Teorias há, ainda, que o consideram uma “ab-reação” (descarga emocional pela qual um indivíduo se liberta do afeto que acompanha a recordação de um acontecimento traumático), um escape para impulsos prejudiciais, um restaurador da energia dispendida por uma atividade unilateral, ou “realização do desejo”, ou uma ficção destinada a preservar o sentimento do valor pessoal.
5.3. O jogo é?
- O jogo é tenso;
- O jogo é divertido.